domingo, 3 de junho de 2012

O Trono do Sol - S. L. Farrell

O Trono do Sol é o primeiro livro da trilogia O Ciclo Nessântico, escrito pelo americano S. L. Farrell. O livro é muito bom, mas o fator que mais o promoveu, com plena certeza, foi a recomendação feita por George R. R. Martin na capa e contracapa. 

"O Trono do Sol é o melhor de S. L. Farrell, uma mistura deliciosa de política, guerra, feitiçaria e religião em um mundo repleto de imaginação, povoado por um elenco de lordes arrogantes, manipuladores, mendigos, padres, hereges, fanáticos, espiões, assassinos, torturadores, e damas sedutoras. Eles são personagens vívidos e memoráveis, e a maioria pintados em tons de cinza, a minha cor favorita! Esta é uma visão onde a magia funciona. É um lugar fascinante, e que estou ansioso para visitar de novo." - George R. R. Martin


O livro começa apresentando a cidade que é centro da história: Nessântico, a cidade mulher, que ao longo dos séculos evoluiu, desenvolveu-se, tornou-se bela e que é ponto de referencia para várias outras. A cidade também carrega uma diversidade cultural e racial elevada, fazendo-a se moldar de maneira a aperfeiçoar-se. É a cidade que com o tempo controlou a sua vizinhança, que passou a chamar-se Os Domínios de Nessântico.

"Se uma cidade tivesse sexo, Nessântico seria mulher. (...)
Com o passar das décadas e dos lentos séculos, conforme o país que adotou o nome da cidade e tornou ainda mais influente; conforme os kralji viraram os reis senhores não só de Nessântico, mas de toda Il Trebbio (...)
Não havia cidade no mundo conhecido que pudesse rivalizar com ela.
Mas havia muitas que a invejavam."

Os costumes dessa tão esplêndida cidade estão sendo abalados pela chegada dos Numetodos, seita de pessoas que não acreditam na Fé da Concénzia — religião que reina n'Os Domínios — e ainda são capazes de utilizar do Ilmodo, o poder que só deveria ser alcançado pelos verdadeiramente fiéis a Cénzi, o deus adorado da Concénzia. Neste momento os religiosos fervorosos a religião sugerem condenar a morte todo aquele que pratica tal atrocidade contra sua divindade, enquanto outros sugerem conciliar sua religião a essas pessoas e, por meio disso, convertê-los.

Em meio a isso, Nessântico também está prestes a passar por outra drástica mudança, pois a atual governanta da cidade, a Kraljica Marguerite ca'Ludovici, já está idosa e pretende fazer seu jubileu e passar seu cargo tão importante a seu único filho, Justi ca'Mazzak.


Ana co'Seranta é uma acólita que busca receber sua Marca e tornar-se uma Téni — uma fiél da Concénzia testada no domínio do Ilmodo — e, dessa forma, ajudar sua família a se reestruturar em meio a todas as recentes perdas sofridas. Contudo é surpreendida quando sua vida muda espantosamente de um instante ao outro e acaba involuntariamente enredada na complexidade, corrupção e traição do meio político e religioso que envolve a alta patente de Nessântico. Ao receber a ordens diretas do líder da Concénzia, o Archigos Dhosti ca'Millac, e se ver forçada a adentrar pouco a pouco no contexto da iminente rebelião contra Nessântico que aproxima-se sorrateiramente. A Fé divide-se e a cidade que sempre fora maravilhosa ao olhar de todos, se vê assustadoramente ameaçada.

↭ ↭ 

Assim como eu disse no início, repito agora: confesso que fui muito influenciado pelo comentário do George na capa e contracapa do livro. É claro que antes de comprar eu pesquisei sobre ele para saber se realmente iria se encaixar no estilo de leitura que gosto, mas ainda assim fiz a compra meio no impulso. Entretanto, mesmo com tudo isso, acredito que valeu a pena.

S. L. Farrell criou um mundo muito interessante para quem gosta de literatura fantástica em especial, mas recomendável a todos que gostam de ler! Embora houvesse poder e magia em forma do Ilmodo, ele aplicou ao livro características marcantes da nossa sociedade, destacando-se com evidência a religião e a política. Colocou tudo num contexto adequado para iniciar a trama, onde há um conflito entre aqueles que seguem com tradicionalismo e religiosidade fervente a Cénzi, o deus supremo dos moitidis, e aqueles que querem adequar essa crença e fé a situação atual em que se encontrava o mundo.

Além disso, ainda havia outras características na história que motivam muito mais a leitura, focadas em determinados personagens; mas mesmo assim eu enrolei muito na leitura desse livro. Na realidade, eu nem sei exatamente o porque de não ter despertado em mim aquela vontade louca de devorar o livro, portanto, culpo aos dificílimos nomes para pronunciar. E confesso também que, mesmo após ter terminado a leitura, ainda pronuncio alguns nomes da maneira errada. Eu não gosto disso! Gosto de pronunciar os nomes do jeito certo, mas foi simplesmente impossível para mim: vários dos nomes possuem pronuncias completamente distintas da grafia e decorar tudo não é algo que eu tenho paciência de fazer. Exemplos como Archigos e Kraljiki que eu nunca consegui pronunciar da forma certa. O nome do comandante Sergei eu sempre lia errado e voltava atrás para corrigir — a pronuncia correta do nome dele é legal.

Um fator que fica explícito na leitura é a critica que o autor faz à igreja de modo geral — critica essa que concordo e discordo em vários pontos e tenho diversos argumentos para tal, mas se eu for apresentá-los iria escrever mais do que o necessário. Generalizando, ele sugere que a religião deveria se adequar drasticamente ao cotidiano e as inovações e 'descobertas' do ser humano. Mas na verdade a necessidade mesmo é que as religiões saibam interpretar de uma forma correta e única a Bíblia. Ir contra uma determinada parte dela por causa do rumo que segue a sociedade atual, mas continuar dizendo que a seguimos é a coisa mais hipócrita que se pode dizer, aliás, ou segue-a completamente ou ignora-a da mesma forma! 

Enfim, mesmo com alguns pontos ruins para o leitor, O Trono do Sol foi uma ótima leitura para mim. Fiquei admirado com algumas mudanças que o autor fez em nomes genéricos como Matarh (mãe) e Vatarh (pai). Também tem a Toustour, que seria como a Bíblia no nosso contexto e a Divolonté, que de certa forma representam as interpretações e regras que cada religião faz de acordo com a Bíblia. Ele usou isso para vários outros termos, mas não tive dificuldades para saber o que cada um significava ao longo da leitura.

A história toda é muito boa, e desde o início, sem duvida alguma. Principalmente porque logo no começo o autor já dá sugestões de algo que nos intriga muito, mas acho melhor vocês lerem para saber.

Recomendadíssimo!

11 comentários:

  1. Oi Herick!
    Não conhecia ainda o livro mas também compraria sem pensar duas vezes se visse o comentário de George na capa. Nossa, outra coisa que concordo com você são os nomes. Geralmente esses livros de fantasia tem os personagens com nomes muito estranhos e que eu acabo nem lendo direito, passo direto!
    Gostei muito da resenha e sucesso para o blog!

    Beijos.

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    1. Nossa, eu realmente nem acredito que alguém já comentou no meu blog! xD
      Obrigado, obrigado mesmo por vir aqui, ler a resenha (que ainda precisa de umas revisões -qq sem comentários) e ainda comentar. Fico muito alegre mesmo!
      Essa coisa dos nomes é uma realidade para grande parte das obras da literatura fantástica, mas este livro exagerou nesse quesito e acabou que até eu que gosto de pronunciar tudo certinho, ainda pronuncio termos erroneamente.

      Enfim, te agradeço de coração mesmo, pois ainda preciso publicar o blog, e você já veio comentando e isso incentiva muito, dá um ânimo renovador! haha

      Abraço e até uma próxima!

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  2. O conteúdo do livro não me interessou muito , mas o fato do George recomendar muda tudo!
    Esses nomes estranhos desanimam um pouco mais como George recomendou quem sabe eu não acabo lendo.

    Parabéns muito organizado seu blog , vou divulgar muito.

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    1. hahaha As recomendações do nosso querido George mudam nossas opiniões mesmo! xD
      Bom, o conteúdo em si do livro parece ser fraco, mas é um livro bom sim, vale a pena ler... Alguns aspectos são bastante instigantes...

      Agradeço muito por ter lido e comentado na minha primeira resenha. Espero manter-me animado e continuar o blog, melhorando-o também.
      E exulto de alegria em saber que, por você ter gostado, vai divulgá-lo em seus meios. Isso é muito gratificante!

      Abraço e volte sempre!

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  3. \õ Herick o blog tá mt lindo *-* as duas resenhas tão ÓTIMAS. continua assim ^^
    Vaamos divulgar õ/

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    1. hehe Pois é, cara, estou na luta aqui... xD Mas é legal.
      Valeu por comentar e por ajudar na divulgação, isso estimula a continuar.
      Vamos ver no que dá... ^^

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  4. Eu gostei do livro até próximo ao final. Ao nos aproximarmos do desfecho, Farrel parece ter se perdido. O final é ridículo. Além disso, as descrições da guerra são péssimas, o comportamento dos generais na batalha é inaceitável. Para mim, o final do livro ofuscou todo o restante da obra.
    Também não gostei do destino de vários personagens. Diferentemente de Martin, Farrel parece não ter o talento de eliminar seus personagens.
    Quanto à critica às religiões em geral, não somente à Bíblia e ao Cristianismo, para mim, era um dos pontos mais interessantes na obra. Lamentei, portanto, o modo como o autor passa, de repente, a ignorar tudo o que vinha pregando, e começar a tratar os numetodos como inferiores em poder.

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    1. Olá, Eder!
      Bom, eu também concordo que o final não foi dos melhores, mas também não o achei tão ruim como você.
      Você não gostou das descrições da guerra? Eu não as achei ruim. E os generais... bem, da parte de Finrenzcia eu também achei os generais meio sem nexo mesmo, contudo, gostei muito do comandante Sergei ca'Rudka. Para mim, foi um personagem muito bem explorado e que possui uma personalidade memorável. Ainda assim, gostaria de ter conhecido mais sobre o passado dele, tal...
      Quanto ao quesito de ter a capacidade de acabar inesperadamente com um personagem já importante para a trama, George é mais do que especialista nisto, então eu não os compararia nesse contexto. haha
      E, quanto a crítica a religião, o que você disse é verdade, não era apenas contra o cristianismo e a bíblia; Farrell acabou incluindo ali uma crítica à religiosidade mesmo, apesar de referir-se ao cristianismo de forma mais enfática.

      Até mais!

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    2. Uma pena que ele parece querer se desculpar no final, com relação às críticas.
      Eu concordo que comparar com Martin foi uma injustiça. Mas, sinceramente, a cena com Mahri e co'Seranta e a menininha (que eu esqueci o nome agora rsrs) foi ridícula. E os saltos mortais (desculpa pelo trocadilho ;]) do Archigos também foram absurdos...
      Quanto à guerra, achei que foi pessimamente descrita. Confusa, com bolas de fogo lançadas pelos ténis. Mas, como escrevi na minha resenha do Skoob, talvez seja porque eu estou acostumado a ler Bernard Cornwell, e graças à isto eu espere demais de outros autores.

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    3. kkkk Ri do trocadilho -qq. É verdade, pensando por esse lado, aquele momento em que o Archigos pôs em pratica a ideia de virar artista de circo novamente, foi realmente algo do tipo: "eu tenho que dar um fim nesse personagem de um jeito ou de outro".
      Agora aquela cena do Mahri e da Ana eu achei legalzinha, a luta deles... Só achei ridículo mesmo as explicações que o Mahri dá por fazer as coisas como fez.
      Agora, mudando o assunto, eu preciso ler algo desse autor aí, Bernard Cornwell. Há um tempo venho pesquisando suas obras no submarino e estou super interessado... só não tenho grana pra comprar. Mas vou investir nuns livros dele, quando puder.

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    4. Quer uma dica? Começa pelas Cronicas do Rei Arthur. Os livros dele são muito bons, mas esta trilogia dele é qualquer coisa de sensacional. Cornwell é um dos meus autores favoritos.

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